2.1
FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO
O fundamentalismo religioso é
um fenômeno caracterizado pela cultura e que pode nominalmente ser influenciada
pela religião dos partidários. O termo pode também se referir especificamente à
convicção de que algum texto ou preceito religioso considerado infalível, ainda
que contrários ao entendimento de estudiosos modernos. Grupos fundamentalistas
religiosos frequentemente rejeitam o termo por causa das suas conotações
negativas ou porque insinua semelhança entre eles e outros grupos cujos
procedimentos acham censuráveis.
2.1.1
JUDAÍSMO
Há duas correntes, os
ultra-ortodoxos e os nacionalistas religiosos, que têm atitudes agressivas no
apoio a movimentos reacionários da direita política.
O setor fundamentalista da
religião judaica, não representativa do judaísmo em geral, é influente em
Israel e a base ideológica do movimento dos colonatos, em Gaza e na
Cisjordânia.
Os Rabbis do Gush Emunim,
movimento messiânico nacionalista e expansionista que se mobiliza pela
colonização do “grande Israel”, e que atinge cerca de metade da população
judaica de Israel reiteram continuadamente que os judeus que matam árabes não
devem ser punidos, com base no conjunto de regras de vida do judaísmo, pois não
violam a proibição religiosa do assassinato.
Razões fundamentalistas
argumentam que o que parece ser um confisco de terras de propriedade de árabes
para instalarem judeus, não é de fato uma ação de roubo, mas sim um ato de
santificação. Do ponto de vista deles a terra está sendo redimida, porque está
a ser transferida da esfera do satânico para a esfera do divino. Para acelerar
este processo o uso da força é permitido, caso se torne necessário de extrema
violência.
2.1.2 CRISTIANISMO
Um dos termos religiosos mais
controversos é o Fundamentalismo.
Dentro dos círculos acadêmicos, o Fundamentalismo
é descrito como uma forma de espiritualidade criada de modo a enfrentar o temor
de que a modernidade possa afetar ou mesmo erradicar a fé e a moralidade de
seus seguidores. Já a mídia utiliza o termo normalmente para descrever setores
mais conservadores de determinada religião, ou mesmo grupos religiosos
propensos à violência.
Preocupados com o avanço do modernismo,
os fundamentalistas realizaram a Conferência Bíblica de Niágara entre
1878–1897, que estabeleceu os pontos básicos do fundamentalismo. O
Fundamentalismo Cristão é um movimento teológico e social, ocorre quase que na
totalidade dentro do Protestantismo que se baseia na ênfase da Bíblia como
sendo a lei a ser seguida, não só na fé, mas também na regência da sociedade e
na interpretação da ciência.
Consideram a Bíblia infalível; sendo
suas histórias consideradas factuais. Rejeitam qualquer outra forma de
Revelação (inspiração individual, magistério eclesiástico, profecias modernas,
teologia natural) e o Criacionismo (teorias que de alguma forma interferem com
o texto literal do gênesis, principalmente a evolução biológica, mas também
teorias geológicas, físicas, cosmológicas, químicas, e arqueológicas) e deve
ser interpretada literalmente, salvo nas partes conotativas.
Desde 1925 o fundamentalismo perdeu sua
popularidade entre os protestantes conservadores, quando o professor John T.
Scopes foi condenado por ensinar a Teoria da Evolução nas escolas públicas,
porém, na década de 1940 ganhou força outro movimento conservador protestante,
porém mais aberto à sociedade em geral e à ciência: o Evangelismo.
Os Fundamentalistas Cristãos creem que
a Bíblia é unicamente a palavra de Deus, e rejeitam a interpretação de que se
trata de um documento histórico. Por volta dos anos 1960 muitos teólogos e historiadores
acreditaram que as religiões se tornariam menos conservadoras, porém isso não
ocorreu. Os setores fundamentalistas cristãos assim como das principais
religiões do mundo se ampliaram, dedicados a preservar suas tradições
religiosas.
Eles acreditam que a sua causa é grande
importância e valor, veem a si mesmos como protetores de uma única e distinta
doutrina, modo de vida e de salvação. As virtudes fundamentalista protege a
identidade do grupo que não é instituído só em oposição a religiões estranhas,
mas também contra os modernizadores que compactuam continuar numa versão
nominal da sua própria religião. Ética e politicamente, os fundamentalistas
rejeitam a diversidade sexual, o aborto, a Teoria da Evolução, o Ecumenismo, o
diálogo religioso com não fundamentalista e a possibilidade de salvação fora do
Cristianismo.
2.1.3 ISLAMISMO
No islamismo, os
fundamentalistas são chamados de jama'at, que em árabe significa enclaves
religiosos com conotações de irmandade fechada, mantém relação com o Jihad na
luta contra a cultura ocidental que suprime o Islam autêntico que implica
submissão ao modo de vida, prescrito na (determinação divina) contida na
Charia.
O islamismo é uma das três
grandes religiões monoteístas, ao lado do cristianismo e do judaísmo. Com 1,2
bilhão de fiéis, é a segunda em número de adeptos e a que mais se expande. A fé
sempre esteve associada à conquista de novos adeptos, daí sua notável expansão
histórica. O avanço atual ocorre nos países pobres, onde já é dominante, e as
altas taxas de natalidade funcionam como um impulso natural para o incremento.
Além disso, o Islã é visto como único contraponto à visão ocidental. Sua
doutrina conservadora - em relação aos padrões ocidentais - tem sido um
atrativo para camadas desfavorecidas, porém, há também integrantes bem
estabelecidos na sociedade.
Existem dois grandes movimentos
interpretativos no islamismo:
- Sunismo (sunitas) - seriam os mais
moderados;
- Xiismo (xiitas) - seriam os
mais radicais. Segundo algumas interpretações sociológicas, tem como princípio
uma reação muito forte ao modelo político ocidental, que tenta penetrar nos
estados árabes, muçulmanos.
Entre os muçulmanos, este tipo
de manifestação apareceu somente no início do século XX. Os fundamentalistas
lutam em geral pela independência política dos países islâmicos e contra a
influência ocidental, em favor dos costumes primitivos e da aplicação rigorosa
da lei islâmica. Ao mesmo tempo são indiferentes ao rico legado filosófico;
artísticos; místicos do Islã medieval e de suas contribuições para toda a
civilização ocidental. Há várias formas e povos fundamentalistas e, é óbvio,
nem todo árabe é islâmico, nem todo islâmico é fundamentalista ou radical.
Isso não significa que todos os
muçulmanos sejam terroristas ou violentos. Na verdade, esses são minorias nos
âmbitos dos países islâmicos, também, não é a ampla maioria o que luta contra
outros espaços religiosos. A religião em si não promove violência, mas sim a
interpretação das pessoas, com suas subjetividades, características, psicologias,
interesses políticos, culturais e sociológicos. Sempre há esse processo de
tradução, que a implica subjetividade humana. Por sua vez, isso implica uma
interpretação; daí a necessidade do cuidado e zelo nesses processos
interpretativos.